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Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho de hoje + homilía (de 300 palavras)

Quarta-feira da 6ª semana do Tempo Comum
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1ª Leitura (Tg 1,19-27): Caríssimos irmãos: Cada qual seja pronto para ouvir, lento para falar e lento para se irar, porque a ira do homem não realiza a justiça de Deus. Por isso, renunciando a toda a imundície e a todos os vestígios de maldade, acolhei docilmente a palavra que em vós foi plantada e pode salvar as vossas almas. Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes, pois seria enganar-vos a vós mesmos. Quem ouve a palavra e não a cumpre é como alguém que observa o seu rosto num espelho e, depois de observar a própria fisionomia, vai-se embora e logo se esquece como era. Mas aquele que se aplica atentamente a considerar a lei perfeita, que é a lei da liberdade, e nela persevera, sem ser um ouvinte que se esquece, mas que efecti¬vamente a cumpre, esse encontrará a felicidade no seu modo de viver. Se alguém se considera religioso e não refreia a própria língua engana-se a si mesmo e a sua religião é vã. A religião pura e sem mancha, aos olhos de Deus, nosso Pai, consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo.
Salmo Responsorial: 14
R/. Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?
O que vive sem mancha e pratica a justiça e diz a verdade que tem no seu coração e guarda a sua língua da calúnia.

O que não faz mal ao seu próximo, nem ultraja o seu semelhante, o que tem por desprezível o ímpio, mas estima os que temem o Senhor.

O que não falta ao juramento mesmo em seu prejuízo e não empresta dinheiro com usura, nem aceita presentes para condenar o inocente. Quem assim proceder jamais será abalado.
Versículo antes do Evangelho (cf. Ep 1, 17-18): Aleluia. Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo ilumine os olhos do nosso coração, para conhecermos a esperança a que fomos chamados. Aleluia.
Evangelho (Mc 8,22-26): Chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram que tocasse nele. Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Estás vendo alguma coisa?». Erguendo os olhos, o homem disse: «Estou vendo as pessoas como se fossem árvores andando». Jesus impôs de novo as mãos sobre os seus olhos, e ele começou a enxergar perfeitamente. Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente. Jesus despediu-o e disse-lhe: «Não entres no povoado».

«Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje através deste milagre, Jesus fala-nos do processo da fé. A cura do cego em duas etapas mostra que nem sempre é a fé uma iluminação instantânea, senão que frequentemente requere um itinerário que nos aproxima à luz para ver claro. Também é evidente que o primeiro passo da fé —começar a ver a realidade à luz de Deus— já é motivo de alegria, como diz Santo Agostinho: «uma vez curados os olhos, que podemos ter de mais valor, irmãos? Alegram-se os que vêm esta luz que foi feita, a que vêm desde o céu ou a que procede de uma candeia. E que desgraçados se sentem os que não a podem ver!».

Ao chegar a Betsaida trazem um cego a Jesus para que lhe imponha as mãos. É significativo que Jesus o leve para fora; não nos está indicando isto que para escutar a palavra de Deus, para descobrir a fé e ver a realidade em Cristo, devemos sair de nós mesmos, de sítios e tempos ruidosos que nos asfixiam e nos deslumbram para receber a autentica iluminação?

Uma vez fora da aldeia, Jesus «cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: Estás vendo alguma coisa?» (Lc 8,23). Este gesto lembra o Batismo: Jesus já não nos unta com saliva, senão que banha todo o nosso ser com a água da salvação e ao largo da vida, nos interroga sobre o que vemos à luz da fé. «Impôs de novo as mãos sobre os seus olhos, e ele começou a enxergar perfeitamente» (Lc 8,25); este segundo momento faz lembrar o sacramento da Confirmação, no qual recebemos a plenitude do Espírito Santo para chegarmos à perfeição da fé e poder ver claro. Receber o Batismo, mas esquecer a Confirmação nos leva a ver, sim, mas só a meias.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

  • «Deus propõe os mistérios da fé à nossa alma no meio de escuridãos e das trevas. Porém, o ato de fé consiste em subjugar o nosso espírito, que recebeu a agradável luz da verdade» (São Francisco de Sales)

  • «Deixemo-nos curar por Jesus, que pode e quer dar-nos a luz de Deus. Confessemos a nossa cegueira, a nossa miopia e, acima de tudo, o que a Bíblia chama de 'grande pecado': o orgulho” (Bento XVI)

  • «É pela imposição das mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as crianças. O mesmo farão os Apóstolos, em seu nome. Ainda mais: é pela imposição das mãos dos Apóstolos que o Espírito Santo é dado (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 699)