Hoje celebramos São Anselmo de Aosta (Itália), também conhecido como Anselmo de Bec (França) e Anselmo de Cantuária (Inglaterra). Em Aosta nasceu (1033), em Bec consagrou-se ao Senhor como beneditino (aos 27 anos) e, a partir de Cantuária — onde foi bispo — foi chamado à Casa do Pai (1109).

Anselmo recebeu de Deus uma admirável capacidade para a especulação intelectual e para o governo. Como teólogo, foi o iniciador da escolástica (método rigoroso de investigação teológica); como bispo, não lhe faltaram momentos amargos e difíceis ao defender a liberdade da Igreja. Mas, acima de tudo, Anselmo destacou-se pela sua piedade e simplicidade, consciente de que o Pai escondeu essas coisas [elevadas] aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos (cf. Mt 11,25).

Assim rezava São Anselmo: «Meu Deus, eu Te peço: quero conhecer-Te, quero amar-Te e poder gozar de Ti. E se nesta vida não for capaz de o fazer plenamente, que ao menos possa crescer cada dia até alcançar a plenitude.» O espírito humano eleva-se à verdade com as “asas” da fé e da razão. A teologia (“ciência da fé”) parte da Palavra que recebemos de Deus, e nela nos aprofundamos com a ajuda da razão (a fé não é “irracional”, mas “sobrenatural”). Por isso, «o estudo teológico, se feito com espírito de oração e humildade, pode levar a um conhecimento mais profundo do mistério de Deus. Sem oração, o estudo torna-se estéril» (São João Paulo II).

Alma de teólogo e alma de governo; governo forte e prudente — uma combinação pouco comum! Como prior e abade de Bec, demonstrou qualidades de bom mestre ao formar os seus irmãos. Mais tarde, eleito para governar a Igreja de Cantuária, chegou a ser exilado da sua própria diocese. Mas não desanimou: o jugo do Senhor «é suave» e o «fardo leve» (cf. Mt 11,30). Assim, com perseverança, coragem e bondade, conseguiu que o rei Henrique I abandonasse as suas pretensões abusivas sobre a Igreja… E, assim, São Anselmo pôde regressar à sua sede.