Uma equipe de 200 sacerdotes te comentam o Evangelho do dia
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Meditando o Evangelho de hoje
Evangelho de hoje + homilía (de 300 palavras)
«Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)Hoje, celebramos São Atanásio (Alexandria, ca. 300), um dos mais importantes Padres da Igreja. Sendo ainda muito jovem participou no Concílio de Niceia (325), o primeiro dos concílios ecuménicos. Daí surgiu o “Credo” que recitamos na Missa dos dias festivos.
Naquele tempo tinha-se difundido a doutrina do presbítero alexandrino Ário, segundo a qual o “Logos”, Cristo, não era verdadeiro Deus, mas um “Deus criado”, um ser intermédio entre Deus e o homem. Ário tentava resolver racionalmente o mistério da Encarnação do Filho Divino. Era uma tentativa suicida e vã. Suicida porque diluindo este mistério não conseguia mais do que cortar o caminho do homem para Deus, tornando-o inacessível para nós. Vã porque os mistérios divinos não são para “liquidar”, mas para contemplar e, contemplando-os, gozar.
Frente à heresia ariana, destacou-se Atanásio como «o apaixonado teólogo da encarnação do “Logos”, o Verbo de Deus que, como diz o prólogo do quarto Evangelho, ‘se fez carne e habitou entre nós’ (v. 14)» (Bento XVI). O Concílio de Niceia declarou que o Filho, o Logos, é «da mesma substância» (“homooúsios”, consubstancial) do Pai; é Deus de Deus; plenamente divino.
Porém, «a crise ariana, que parecia ter-se resolvido em Niceia, continuou durante décadas na Igreja com vicissitudes difíceis e divisões dolorosas» (Bento XVI). Naquele cenário, Atanásio - bispo de Alexandria desde 328 - teve de fugir cinco vezes da sua cidade. Assim, se cumpriam nele as palavras do Mestre: «Sereis odiados de todos por causa de meu nome (…). Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra» (Mt 10,22-23). Atanásio, sofrendo pela fé passou quase dezassete anos no desterro.
Contudo, aqueles anos foram de grande proveito para a fé cristã: Atanásio teve oportunidade de difundir no Ocidente - em Tréveris e, depois, em Roma - a doutrina de Niceia, e também o ideal do monaquismo, fundado e liderado no Egipto pelo seu amigo Sto. Antão Abade. Foram anos providenciais: Deus sabe mais! Certamente, «o discípulo não é mais que o mestre» (Mt 10,24).