Hoje veneramos um defensor invencível da maternidade divina de Maria. São Cirilo de Alexandria (370/80-444) protagonizou — em torno do Concílio de Éfeso — uma luta feroz contra o bispo Nestorio, o qual afirmava que Santa Maria era apenas a “Mãe de Cristo”, rejeitando o título de “Mãe de Deus”. O problema de fundo era a negação da divindade de Jesus Cristo. Mas, se Jesus não é Deus, então… quem nos salva? Com demasiada facilidade fala-se de um Jesus equiparado — sem mais — a outros líderes ou mestres religiosos. Mas «se o sal perder o sabor, (…) já não serve para nada» (Mt 5,13); se a divindade de Cristo se dilui, o seu sacrifício, a sua ressurreição… Que esperança nos resta?

O bispo de Alexandria — conhecido como o “guardião da precisão” — foi um firme testemunho de Jesus Cristo, Verbo de Deus encarnado, sublinhando sobretudo a unidade: «Há um só Filho, um só Senhor Jesus Cristo, quer antes da encarnação, quer depois da encarnação».

São Cirilo, consciente da popularidade e da enraização do título “Mãe de Deus” na fé do Povo fiel, advertiu Nestorio: «É necessário expor ao povo o ensinamento da fé da maneira mais irrepreensível; quem escandalizar, mesmo um só destes pequeninos que creem em Cristo, sofrerá uma punição intolerável».

«Da Lei não passará nem um único iota ou traço até que tudo seja cumprido» (Mt 5,18): outra grande qualidade que admiramos em São Cirilo de Alexandria é a sua fidelidade à tradição da Igreja. Cirilo é também conhecido como o “selo dos Padres”: «Foi constante a sua referência aos autores eclesiásticos anteriores (entre eles, sobretudo, a Atanásio) com o objetivo de mostrar a continuidade da sua própria teologia com a tradição. Na tradição da Igreja, reconhecia a garantia de continuidade com os Apóstolos e com Cristo mesmo» (Bento XVI). É a luz que precisamos!

Concede-nos, Senhor Deus, a nós que reconhecemos Maria como verdadeira “Mãe de Deus”, sermos salvos pela encarnação do Teu Filho Jesus Cristo.