Hoje celebramos a santidade de um fiel leigo que - nunca melhor dito - foi fiel ao seu batismo, cumprindo lealmente os seus deveres como governante. Venceslau I da Boémia (907-935), neto da rainha Santa Ludmila, foi escolhido para suceder ao seu pai Vratislau. A "Primeira "narração" paleo-eslava" nos diz que Venceslau "beneficiava os pobres, vestia quem estava nu, dava de comer aos famintos, acolhia os peregrinos, precisamente como quer o Evangelho". Em suma, o que poderíamos esperar de um governante minimamente responsável!

Estamos acostumados as promessas eleitorais e, ao mesmo tempo, as promessas decepcionadas, agora estamos felizes em ouvir essa semelhança se referir a um governante! Mas a lição que é dirigida, em particular, aos políticos e funcionários públicos de hoje, também diz respeito a cada um de nós, porque - de alguma forma - somos todos "governantes".

O Evangelho fala de "serviço": «Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estiver, estará também aquele que me serve» (Jo 12,26). Onde encontrar Jesus? Onde quer que esteja algum de teus irmãos. Venceslau "não tolerava que se fizessem injustiças às viúvas, amava todos os homens, fossem eles pobres ou ricos" ("Primeira "narração" paleo-eslava"). Jesus sofre na pessoa dos necessitados ao nosso redor.

Sejamos conscientes de que muitas periferias estão mais próximas do que pensamos: há "pobres de solenidade", mas também há "pobres de fé"... e "pobres de cidadania" (cuja existência ninguém importa, muito menos para estruturas administrativas da cidade ou do governo). Ai está Cristo!

Venceslau foi morto pela inveja de seu irmão Boleslau. Quando não há espírito de serviço, a manipulação e a treliça prosperam. Venceslau caiu ao chão - às portas da igreja em Boleslavia - dizendo: "Senhor, Em tuas mãos entrego o meu espírito" (cf. Lc 23,46). Mas o grão de trigo «se morre, produz muito fruto» (Jo 12,24). Assim, pouco tempo depois, Boleslau lamentou o que foi feito e teve os restos mortais de seu irmão dentro da Catedral de São Vito, em Praga.